Carl Gustav Jung

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Carl Gustav Jung, médico psiquiatra suíço nascido em 1875, foi o fundador da Psicologia Analítica — uma abordagem que ampliou significativamente os referenciais da psicanálise freudiana, propondo uma compreensão mais abrangente da psique humana. Sua contribuição não se limitou ao campo clínico, tendo influenciado diversas áreas do conhecimento e da cultura contemporânea.

Entre os principais conceitos desenvolvidos por Jung estão o inconsciente coletivo, os arquétipos, os tipos de personalidade, introvertido e extrovertido e suas quatro funções, o princípio da sincronicidade, entre outros. Esses fundamentos constituem uma base teórica que continua impactando não apenas a psicologia, mas também a filosofia, a arte, a literatura, a educação e outras áreas das ciências humanas.

Jung e a Construção de uma Psicologia da Alma

O campo fundante do pensamento de Carl Gustav Jung nasceu na intersecção entre a filosofia e a medicina psiquiátrica acadêmica. Sua formação como médico o levou a investigar profundamente os fenômenos psíquicos, resultando em sua tese de doutorado intitulada Psicologia e Patologia dos Fenômenos Ditos Ocultos. Essa obra inicial marca o início de uma trajetória singular que, ao longo dos anos, se desdobraria em uma produção teórica vasta e complexa.

Jung estudou e dialogou com a obra de Sigmund Freud — influência importante nos primeiros anos de sua formação —, e publicou seu primeiro livro, Estudos Psiquiátricos, ainda sob essa influência. No entanto, foi a partir do aprofundamento em suas próprias experiências interiores e dos estudos interdisciplinares com mitologia, alquimia, religião comparada, filosofia e arte que Jung construiu, ao longo de 85 anos de vida, uma obra de profundo impacto para a psicologia e para o entendimento da alma humana.

Falar sobre Jung e sua Psicologia pode parecer simples, mas é, na verdade, uma tarefa complexa. Sua obra convida ao pensamento não linear, à permanente construção e desconstrução de conceitos, e à aceitação das tensões entre os opostos — princípio essencial da autorregulação da psique, segundo sua visão. Sua abordagem não busca sínteses imediatas, mas o equilíbrio dinâmico entre os contrários, numa psicologia viva e em constante transformação.

Por isso, mais do que tentar resumir ou definir esse autor fundamental, o que seria impossível, compartilho um trecho extraído de Memórias, Sonhos, Reflexões — livro de caráter autobiográfico, escrito com a colaboração de Aniela Jaffé, analista junguiana e intérprete de sua obra, que também assina o prefácio.

Esse foi seu livro mais íntimo de todos. Nele, temos acesso aos conflitos pessoais, à lucidez de sua autopercepção, à profundidade simbólica de sua reflexão e a uma sensível poética que emerge, por vezes, mesmo nos momentos mais escuros. Que este breve trecho possa ser um convite à leitura integral da obra.

MEMÓRlAS, SONHOS, REFLEXÕES, C. G. Jung, Ed. Nova Fronteira, RJ, 1986.

"Escrever um livro é sempre, para mim, um confronto com o destino, Há sempre, no ato de criação, alguma coisa de imprevisível e eu não posso fixar nem prever nada por antecipação. Assim, a autobiografia toma presentemente e desde já uma direção diferente na sua formulação. É por necessidade que escrevo minhas primeiras lembranças. Se eu me abstenho um só dia, tenho indisposições físicas. No memento em que trabalho minhas memórias as indisposições desaparecem e meu espírito se torna lúcido.
O destino quer - como sempre quis - que na minha vida todo o exterior seja acidental e que só o interior represente algo de substancial e determinante.

Cada vida é um desencadeamento psíquico que não se pode dominar, a não ser parcialmente. É multo difícil, por conseguinte, estabelecer um julgamento definitivo sobre si mesmo ou sobre a própria vida.
Trato cada doente tão individualmente quanto possível, pois a solução do problema é sempre pessoal. Uma verdade psicológica só é válida se puder ser invertida. Uma solução falsa para mim pode ser justamente a verdadeira para outra pessoa.

O fato decisivo é que, enquanto ser humano, encontro-me diante de outro ser humano. A analise é um diálogo que tem necessidade de dois interlocutores. O analista tem alguma coisa a dizer: mas o doente também.

Na análise propriamente dita, e a personalidade inteira que é chamada a arena, tanto a do médico quanto a do paciente,
Sempre me pergunto que mensagem traz o doente. O que significa ele para mim? Se nada significa, não tenho um ponto de apoio. Frequentemente mesmo o doente pode constituir o apoio que convém ao ponto fraco do medico.

As resistências, principalmente quando são teimosas, merecem ser levadas em consideração .Muitas vezes tem um sentido de advertência que não pode ser ignorado. O remédio pode ser um veneno que nem todos suportam, ou uma operação cujo efeito é mortal quando contra-indicado. Tratando-se de vivências interiores, ao despontar o que há de mais pessoal num ser, a maioria é tornada de pânico, e muitas vezes foge.”

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Carl G. Jung

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